A Favorira do Rei - Sandra Worth
--- Este vento insalubre que vem do rio... --- Ela inspirou com força. --- Os médicos não identificaram a minha doença, agora sei o que é. A Peste Branca. Foi um marinheiro que ma pegou na galera de meu pai quando fugíamos de Margarida de Anjou. Fitei-a horrorizada. A Peste Branca era sempre fatal. Atacava os pulmões e a pouso e pouco ia roubando a vida a uma pessoa. Pior, era uma doença dolorosa, sobretudo no fim, quando a vítima tinha dificuldade em respirar e cuspia sangue e uma mucosidade preta. Com um gesto de cabeça, a Rainha indicou-me uma janela que estava aberta para o jardim.
Quando olhei para trás, na direcção de Londres, as lágrimas toldaram-me a visão. Era isto que Ana receava: deixar Ricardo só e vulnerável, sem ânimo para vencer a luta pela sua vida e pelo seu trono. Virei-me para a frente e esporei o meu palafrém. A nossa viagem para Sheriff Hutton demorou vários dias; quantos não sei, porque não se distinguiram uns dos outros. Mais uma vez atravessámos aldeias, lugarejos e pequenas cidades e vi o mastro dourado de Maio nos campos. Recebemos um acolhimento caloroso dos criados e dos guardas em Sheriff Hutton.
Durante este mês de Outubro, Tudor tomou as rédeas do governo. Chamou o seu conselheiro de confiança, o bispo Morton, que se encontrava no Continente, nomeou-o presidente da Câmara dos pares e mandou regressar a York o arcebispo Rotherham. A peste alastrava em Londres e obrigou Tudor a adiar a sua coroação. O povo considerou que isto era um mau presságio. --- É um sinal de que o reinado será loborioso, dizem, porque começou com uma doença --- disse-nos a minha mãe.