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TEXTOS EM PROSA

Textos pessoais em prosa, excertos de livros, comentários a certo tipo de imprensa etc.

TEXTOS EM PROSA

Textos pessoais em prosa, excertos de livros, comentários a certo tipo de imprensa etc.

(...) Estou a reler Pessoa para raspar dos meus versos algumas possíveis dedadas suas mais visíveis, com vista ao funesto Óscar Lopes. Sobre tudo para ver se topo em Pessoa qualquer coisa que me despromova nuns versos meus de que gosto e que se calhar não me pertencem. Dizem não sei quê «o aceno de um lenço que se vê mal». Mas não topei ainda. Topei foi, seguindo o método oscarino, com «influências» e quase plágios em Pessoa, de insuspeitados vates antigos. Assim:      (...)
9 - Março (quinta). Há muito tempo que o Rosa me não telefona. É estranho. De vez em quando, para um pouco de companhia dá-me uma telefonadela. De modo que tomei eu hoje a iniciativa. Atende-me a miúda dele que tem uns quinze anos. E diz-me que o pai está internado no hospital. No hospital? Outra vez? Então não tinha saído, já concertado? Tinha. Mas. Então, quando o fui visitar ao (...)
(...) Esta sucinta situação cronológica ajuda-nos no entanto a compreender a posição que António Gedeão veio ocupar, e mesmo nos dilucidará algumas das razões que fizeram, equivocamente, o êxito juntíssimo que a sua poesia obteve. Com efeito, primeiro publicado em 1956, quando quando estavam grupalmente extintos todos os movimentos do 2º quartel do século, e a maior parte dos poetas (...)
                                                             *       E de súbito, mesmo sem cabeça apropriada, tacteei o romance, a ver. Mas foram só umas linhas. É extraordinário como o romance me resiste ou eu o faço resistente, como nada me resiste. Ás vezes lembro-me: atirar-me de cabeça. Mas partia-a com certeza. O livre (...)
21 - Dezembro (terça). Levantar cedo para ir à garagem levar o carro ao médico. Regressar a casa para empacotar prendas em embrulhos. Depois, ida ao correio carregado. Depois enfileirar numa bicha dos registos, em feitio de Pai Natal. Aguentar aí meia hora e ser atendido enfim. Depois mudar de bicha, aguentar aí mais meia hora, porque há que ir receber as massas de uns vales. Depois mudar de (...)
                                  * Ontem fui visitar o Ramos Rosa a casa. Nos fins-de-semana deixam-no sair do hospital. Lá estava, deitado, mas palrador como um pássaro na Primavera. Não era assim. Agente passava-lhe a bola na conversa, ele metia-a logo no bolso. Ficava-se então à espera que a devolvesse, tinha-se de ir lá buscá-la. Achei estranha a coisa, ele (...)
19-Maio (segunda). Ontem, como muitas vezes, fui a casa do Ramos Rosa.(...) E então, para exemplificar a minha «tese», abri um pouco ao acaso o livro do Rosa. O poema que li era obviamente anti-discursivo, e impossível era assim descobrir nele um «discurso». Mas, irreprimivelmente, eu tive necessidade de «entender» o que lá estava, de dizer o que queria dizer. E tentei. Rosa opôs-se ao que (...)