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TEXTOS EM PROSA

Textos pessoais em prosa, excertos de livros, comentários a certo tipo de imprensa etc.

TEXTOS EM PROSA

Textos pessoais em prosa, excertos de livros, comentários a certo tipo de imprensa etc.

Capítulo 6

Ela deslocara-se a Inglaterra para o procurar. Encontrava-se só. Lawrence fora o melhor amigo do pai. «Se me acontecer alguma coisa, vai ter com o Lawrence Stern», recomendara. «Estou certo de que te ajudará». Agora, morrera, assim com a mãe, ceifada pela epidemia subsequente à guerra que flagelara toda a Europa.

Capítulo 33

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-Tchuma. A peste - disse ele em inglês, com repugnância. Em russo acrescentou: - estará morto antes do anoitecer. - Tirou-lhe o dinheiro e voltou a guardá-lo no próprio bolso. Peste. A mera palavra causou-lhe arrepios. Tinha ouvido Alfred falar nela. Dizia que tinha começado no exército e que, aquando da derrota dos senhores da guerra, os soldados tinham fugido para as suas aldeias, espalhando a doença como um rastilho de pólvora.

 

Capítulo 34

Ele estava embrulhado em jornais velhos tão molhados da chuva que caía do tecto e da água que subia no chão que estavam a desintegrar-se e a gelar ao mesmo tempo. Tinha os olhos fechados de tão inflamados e o rosto coberto de feridas. Mas não de furúnculos, Graças a Deus. Não era a peste.

Parte II

A partir de agora, pode-se dizer que a peste era a preocupação de todos nós. Até agora, por mais surpreendido que tenha sido com as coisas estranhas que aconteciam à sua volta, cada cidadão individualmente cuidava dos seus afazeres como sempre, na medida do possível. E sem dúvida  continuaria a fazer isso. Mas uma vez que os portões da cidade tinham sido fechados, todos nós percebemos que todos, inclusive o narrador, estavam no mesmo barco, por assim dizer, e cada um teria de se adaptar às novas condições de vida. Assim, por exemplo, um sentimento normalmente tão individual como a dor da separação daqueles que amamos tornou-se repentinamente um sentimento no qual todos partilhavam da mesma forma e - juntamente com o medo - a maior aflição do longo período de exílio que se esperava.

Depois de uma curta ausência, M. Othon, o paterfamilias coruja, reapareceu no restaurante, mas acompanhado apenas pelos dois "caniches adestrados", os seus filhos. Questinado, descobriu-se que a sra. Othon estava em quarentena; ela estava a cuidar da mãe, que sucumbira à peste. "Não gosto nada disto", disse o gerente a Tarrou. "Quarentena ou não, ela está sob suspeita, o que significa que eles também estão."
Tarrou referiu que, se fosse o caso, todos estavam "sob suspeita". Mas o gerente tinha as suas próprias idéias e não deveria ser afastado delas.
"Não, senhor. Você e eu não estamos sob suspeita. Mas eles certamente estão."
Entretanto, M. Othon era imune a essas considerações e não deixaria que a peste mudasse os seus hábitos. Entrou no restaurante com a sua dignidade habitual, sentou-se na frente dos filhos e dirigiu a eles, a intervalos, os mesmos comentários agradáveis ​​e inamovíveis. Apenas o menino parecia um pouco diferente; vestido de preto como a sua irmã, um pouco mais encolhido do que antes, parecia agora uma réplica em miniatura do seu pai. O guarda noturno, que não gostava de M. Othon, dissera sobre ele a Tarrou:
"Esse belo cavalheiro vai desmaiar com as suas roupas. Todo vestido e pronto para partir. Portanto, não precisará de nenhum arranjo."

Como sempre! Ou seja, a nova remessa de soro enviada de Paris parecia menos eficaz que a primeira e a taxa de mortalidade estava aumentando. Ainda só era possível administrar inoculações profiláticas em famílias já atacadas; se seu uso fosse generalizado, quantidades muito grandes da vacina seriam necessárias. A maioria dos bubões recusava-se  a rebentar - era como se tivessem sofrido um endurecimento sazonal - e as vítimas sofriam horrivelmente. Nas últimas vinte e quatro horas houve dois casos de uma nova forma da epidemia; a Peste estava a tornar.se pneumónica. Nesse mesmo dia, no decorrer de uma reunião, os médicos muito acussados pressionaram o prefeito - o infeliz homem parecia muito nervoso - a emitir novos regulamentos para impedir o contágio de boca em boca, como acontece na peste pneumônica. O prefeito havia agido como desejava, mas, como sempre, tateava, mais ou menos, no escuro.

Capítulo 22

1957

Outros admitiam para si mesmos que sentiam um certo alívio com a ideia do fim de Spinalónga. A quantidade de homens e de mulheres doentes do outro lado da água sempre os tinha preocupado e, apesar de saberem que esta doença era menos contagiosa do que muitas outras, continuavam a temê-la como se fosse a peste bubónica. Estas pessoas mantinham a mente fechada ao facto de a lepra poder agora ser curada. 

Capítulo 1

Foi no Verão de 1923, no Verão em que vim de Cambridge para cá, que, apesar dos desejos da minha tia de que regressasse ao Shropshire, decidi que o meu futuro estava na capital e arrendei um pequeno andar no número 14B de Bedford Gardens, em Kensington. recordo-o agora como o mais maravilhoso dos verões. Depois de passar anos rodeado de colegas, tando na escola como em Cambridge, sentia grande prazer na minha própria companhia. apreciava os jardins públicos de Londres, o sossego da Sala de Leitura do Museu Britânico, e usufruía tardes inteiras a passear pelas ruas de Kensington, gizando planos para o meu futuro, parando de quando em quando para me extasiar com o facto de aqui em Inglaterra, mesmo no meio de uma cidade tão grande, se encontrarem trepadeiras e hera cobrindo as fachadas de belas casas.

Capítulo 2

Encontrava-me numa livraria da Charing Cross Road, uma tarde chuvosa, a examinar uma edição ilustrada de Ivanhoe. Momentos antes dera-me conta de que estava alguém atrás de mim, e, presumindo que desejasse ver alguma coisa naquela secção da prateleira, desviara-me para o lado. No entanto, como a pessoa continuasse parada no mesmo sítio, acabei por me voltar para trás. Reconheci imediatamente o coronel, pois as suas características físicas quase nada tinham mudado. No entanto, visto por olhos de adulto, pareceu-me mais humilde e modesto do que a figura que recordava da minha infância. Estava ali parado de impermiável vestido, a olhar-me timidanente, e só quando exclamei «Ah, coronel!» sorriu e estendeu a mão. --- Como está, meu rapaz? Eu tinha a certeza de que era você. Meu Deus! Como está, hem?

Capítulo 3

Seja como for, quando ontem à noite saí do meu táxi na rua Brook, os meus pensamentos  andavam por outras paragens. Recordava a mim mesmo, por exemplo, que os meus recentes triunfos me davam pleno direito ao convite recebido; que, longe de questionarem a minha presença em semelhante evento, era provável que outros convidados me pressionassem ansiosamente para lhes dar informações qualificadas acerca dos meus casos. Recordava a mim mesmo, também, a resolução de não me retirar prematuramente da cerimónia, mesmo que isso significasse ter de suportar um ou outro momento sozinho. Por tudo isto, quando entrei naquele grande átrio, não estava nada preparado para ver Sarah Hemmings à espera, sorridente. 

Capítulo 4

Desconfio que a minha recordação da casa é em grande parte a visão de uma criança e que, na realidade, ela estava longe de ser grandiosa. Já nesse tempo eu tinha consciência de que não se comparava com o esplendor das residências que se erguiam depois da esquina da Bubbling Well Road. Mas a casa era, sem dúvida, mais do que apropriada para um agregado composto apenas pelos meus pais, eu, Mei li e os nossos criados.

Nanjing Road, Huangpu, Xangai