Continua a ser, para mim, um mistério que inimigos dos EUA tenham, por um lado, destruído as torres gémeas e vitimado milhares de pessoas, e, por outro, dado um poderoso pretexto para que os EUA continuem, ainda com mais assiduidade, a impor à bomba, em vários países, regimes e governos, que sirvam os interesses norte-americanos, uma vez que não lhes foi possível fazê-lo através de actos eleitorais, ou seja, terrorismo segundo a definição da enciclopédia do Círculo de Leitores. Não menos misterioso me parece que inimigos de Israel tenham raptado dois cidadãos deste país, dando-lhe um pretexto para destruir, no sul do Líbano, estruturas básicas, assassinar para cima de mil pessoas e provocar cerca de um milhão de refugiados.
Nos últimos tempos tem vindo a enraizar-se na cabeça de muita gente, independentemente do grau de instrução, uma insólita confusão que consiste na não diferenciação entre o uso do infinitivo dos verbos transitivos e o uso dos infinitivos destes verbos acrescidos do pronome reflexo se, como se pode verificar nos exemplos seguintes;
"Na questão do petróleo é uma visão míope adoptar uma óptica curto-prazista e alegrar-se(nos) com preços baixos." (Neste caso confunde-se o pronome reflexo se com o pronome indefinido se que de qualquer modo só exprime o sujeito indeterminado com verbos intransitivos. Neste caso o sujeito indeterminado só pode ser expresso pela primeira pessoa do plural nós a que corresponde o pronome reflexo nos.)
"As vezes é bom parar um minuto e pensar. Voltar ás origens, deixar tudo para trás, alegrar-se(nos) com as coisas simples da vida. Observar um pássaro a brincar, olhar para os verdes do nosso alentejo , ter uma conversa curta mas agradável com um transeunte e claro, aproveitar este sol." (Neste caso verifica-se a mesma situação da do anterior) "Reconhecer as «fraquezas», contar com elas, não impede que trabalhemos, quanto for possível, com toda a alma. Deus é glorificado em nós não pelo que fazemos, mas pelo modo como o fazemos. Por isso, alegrar-se(nos) «nas afrontas, nas adversidades, nas perseguições e nas angústias», só tem sentido «por amor de Cristo»." ( Aqui o sujeito da oração infinitiva, introduzida por alegrar-se, é indiscutivelmente a segunda pessoa do prural nós à qual corresponde o pronome reflexo nos, e não absurdamente o pronome reflexo se.)
"A fé não é a crença num Jesus mágico e milagreiro, num «Deus ao serviço dos nossos interesses». A fé supõe entregar-se(nos) sem limites Àquele que conhece cada um, mesmo no meio de uma multidão anónima. A fé supõe a coragem de ultrapassar hábitos, preconceitos e costumes que à nossa volta sempre se criam a dizer-nos «já não vale a pena...porque importunas o Mestre...porque hás-de acreditar em Jesus Cristo, para quê a tua fé»." (Novamente o mesmo absurdo do caso anterior)
Finalmente os portugueses ocupam uma posição mais vantajosa em algo relativamente (mais poluição) positivo, de um modo fatidicamente inquinado: têm mais automóveis que os franceses, os espanhóis e, salvo erro , os ingleses, embora os habitantes destes países tenham um nível de vida mais elevado...
Os portugueses parecem possuir também duas qualidades: ter a noção do supérfluo e dizer o essencial. Pena é que, para a maioria dessas pessoas, sejam supérfluos a melhoria dos seus conhecimentos e a leitura de um livro, de vez em quando... Talvez porque sintam que não têm capacidade para entender a leitura denotativa, já para não falar na mensagem que o autor procura tansmitir...
Ao esconderem-se de cidadãos que, tranquilamente, regressam a suas casas, ou acabam de sair delas, as pessoas ajustam, inconscientemente, o seu comportamento à forma adequada, que é a de pessoas indignas de partilhar o espaço público com os cidadãos de que se escondem...
Seja bem vindo ao Site, dedicado à questão da correcção da fala. Certamente que a muitos de vós se põe o problema de saber se devemos dizer «звонИшь» ou «звОнишь», «новорОжденный» ou «новорождЁнный», «языковАя проблема» ou «языкОвая», «взрЫвчатые вещества» ou «взрывчАтые», e efectivamente ouvimos todos os dias estas palavras na televisão e na rádio, sendo que, frequentemente os locutores, tal como nós, também não sabem colocar correctamente o acento tónico nestas palavras. O problema do acento tónico não é o mais grave, frequentemente da boca de pessoas altamente colocadas podemos ouvir palavras completamente desligadas entre si. Os nossos humoristas há muito tempo deixaram de compor algo de novo e ganham dinheiro a repetir as máximas dos nossos deputados. Como se costuma dizer, isto daria vontade de rir se não fosse tão deplorável. A tarefa fundamental deste site, se não é ensinar as pessoas a falar correctamente ( um site não ajudará muito nesta matéria), é, pelo menos, a de facultar à pessoa, que quer falar a sua língua materna correctamente, a maior quantidade possível de materiais de informação. Além disso podereis encontrar aqui alguns artigos sobre este tema e também referências a outros sites sobre a língua russa.
No filme " Inquebrável ", um indivíduo quebradiço que nem vidro, partindo do princípio de que tudo tem um oposto, concluiu que também ele teria o seu: alguém inquebrável...
Quando duas pessoas, ao conversar, acusam uma terceira de ter a mania de que sabe tudo, de que só ela é que sabe, é quase certo e seguro que a terceira tem vantagem, nalguma coisa, em relação às outras duas que, lá bem no fundo do seu íntimo, sabem que assim é... Então, e o oposto? O indivíduo que tem a mania de que não sabe nada, de que só ele é que não sabe, não existe? As pessoas menos inteligentes passam a vida a tentar demonstrar que nem elas são tão pouco inteligentes, nem as outras são tão inteligentes, como os professores os consideravam... Também neste aspecto há como que uma ausência de oposto: os baixotes não passam a vida a dizer que, afinal, nem eles são tão baixinhos, nem os outros são altos, como possa parecer...
Seremos até ao fim da vida o que éramos quando nascemos, ou seja, o homem será pura e simplesmente aquilo que as características com que nasceu lhe permitem... Um grande obstáculo à harmonia da convivência entre as pessoas (talvez entre os povos) deve-se ao facto de a maioria destas não se conformar com ser o que eram quando nasceram... Os países que se tornaram independentes, após séculos de colonização, são muito agressivos(vejam os EUA, por exemplo) , provavelmente, porque serão sempre ex-colónias, isto é, povos outrora colonizados... A alemanha tornou-se extremamente agressiva, provavelmente, devido à dependência em que se encontrava após a derrota na I Guerra Mundial...
É curioso que a Rússia, comunista ou não, considerada uma ameaça à Europa Ocidental, tenha sido, precisamente, o país que derrotou os grandes carrascos desta mesma Europa: França Napoleónica e Alemanha Nazi...
O português é uma língua rica, complexa e perfeitamente bem estruturada, à semelhança dum puzzle , as palavras têm formas e ocupam lugares bem definidos...
Para que se evite a obesidade é preciso comer-se com moderação não se deixando levar pela gula.
Esta frase pode ser reescrita do modo seguinte:
Para que seja evitada a obesidade é preciso que uma pessoa coma com moderação não se deixando levar pela gula.
O primeiro " se " é uma partícula apassivante que foi substituída por uma construção na voz passiva; O segundo " se " é um pronome indefinido que foi substituído pelo sujeito indeterminado " uma pessoa "; O terceiro " se " é um pronome reflexo que se mantém porque concorda com o sujeito indeterminado " uma pessoa ".
Comer com moderação e não deixar-se levar pela gula é uma obrigação nossa para evitar a obesidade.
Esta frase está incorrectamente construída porque o sujeito das orações infinitivas comer com moderação e não deixar-se levar pela gula é a primeira pessoa do prural (nós). Ora o pronome reflexo se só se pode juntar ao infinitivo dum verbo transitivo quando o sujeito da oração é a terceira pessoa do singular(ele,ela ,você) ou do plural (eles, elas, vocês).
A construção correcta será, pois, Comer com moderação e não deixar-nos levar pela gula é uma obrigação nossa para evitar a obesidade.
Antigamente dizia-se : não é necessário um curso superior para entender isto. Actualmente digo eu : nem com um curso superior conseguem entender isto, ooooooh...
Será que o português,com a sua complexa gramática, cuja apreensão é inacessível aos fugitivos da matemática, não é uma cadeira nuclear, mas sim opcional, nos cursos superiores de comunicação social?
É sempre uma infelicidade quando o " articulista " não tem capacidade criadora, nem conhecimentos da língua materna, para conseguir ligar à actividade regular a redacção de duas ou três novas linhas diárias sem ferir as mais elementares regras gramaticais da concordância...
Quando diz " É preciso projectar-se e acreditar nas nossas próprias capacidades ", a locutora Joana Cruz quereria, certamente, dizer " É preciso que nos projectemos e acreditemos nas nossas próprias capacidades " e não " É preciso que você se projecte e acredite nas nossas próprias capacidades ", uma vez que, em português, não se diz " se projectemos "...
Ao dizer " Agradecer e alegrar-se com estas nossas pequenas coisas ", o locutor João Porto quereria, por certo, dizer " Que agradeçamos e nos alegremos com estas nossas pequenas coisas ", e não " Que você agradeça e se alegre com estas nossas pequenas coisas ", já que, em português, não se diz " se alegremos "...
Na estreia do programa Boca a Boca, que passou na Sic em 2005, Margarida Rebelo Pinto declarou que era acusada de dizer nos seus livros aquilo que as pessoas gostam de ouvir, e de imediato tive a certeza de saber que tipo de escrita era a da senhora, o que pude confirmar, dois dias depois, lendo meia dúzia de linhas de um livro seu que estava à venda no JUMBO . Após a leitura destas linhas era como se já tivesse lido o livro anteriormente. Vem isto a propósito de um texto para "reflectir " lido hoje pelo locutor da RFM , João Porto, no qual dizia que um dado escritor publicara um livro de poesia, intitulado A Poesia Dos Insectos, livro esse escrito de modo inovador: poesia inovadora na cabecinha deste "articulista " quer dizer, pensei eu, versos brancos, sem métrica, alternando um verso comprido com um verso curto ( para marcar os ritmos sincopados, os espantos e os deslumbramentos como escreveu alguém num jornal grátis aqui de Setúbal ). Mais uma vez lá estava o molde da poesia livre do espartilho das rimas e da métrica, escrita como o poeta sente o que escreve, sendo que, pelos vistos, sentem todos, os desta corrente, do mesmo modo (até parecem corações gémeos). Sendo a leitura repetida de textos repetitamente lidos a especialidade deste locutor criativo, é natural que veja inovação na repetição dos outros.
Há a ideia distorcida de que os ensinamentos, que são ministrados nas escolas, se destinam a pessoas inteligentes ou mais inteligentes, mas, pura e simplesmente, são para pessoas normais... A aprendizagem é que não se processa de modo uniforme, aprendendo os alunos, conforme os casos, muito facilmente, facilmente, dificilmente, muito dificilmente, pouco ou nada... Sabendo nós que o grosso da população portuguesa é formada por pessoas cuja capacidade de aprendizagem se situa entre os graus "dificilmente" e "pouco ou nada", seria demasiado arrojado supor que são, geralmente, os indivíduos deste grupo sociocultural os responsáveis pelo incumprimento do código da estrada, com as graves consequências que conhecemos , pelo muito lixo que não é separado para reciclagem, pelos problemas devidos ao tabagismo, pelo endividamento excessivo das famílias etc. e pelo mal-estar existente nas relações com indivíduos cuja capacidade de aprendizagem é mais favorável, os quais são acusados de terem a mania de que só eles é que sabem tudo e de ofenderem as pessoas julgando que as mesmas são parvas e não entendem? Ouvimos a toda a hora dizer: Falta de civismo; Falta de educação etc. Todavia o comportamento social a as relações pessoais do homem são determinados pela sua capacidade de aprendizagem (inteligência); Não confundir esta com os graus académicos que as pessoas conseguem alcançar porque, para isso, também contam, tanto ou mais, a força de vontade, o espírito de sacrifício e a disponibilidade económoca para pagar explicações extras e estabelecimentos de ensino privados...