22 Jun, 2006
Patrick Girard - Memórias de Asdrúbal
"(...)Quando eles deram a conhecer esta exigência ao Conselho dos Cento e Quatro, os membros deste não conseguiram esconder a sua indignação e o seu desespero. Sabiam que tinham de designar os seus próprios filhos como reféns e esta perspectiva era-lhes intolerável. Havia lustros que se serviam da sua alta posição para acumularem formidáveis riquezas e beneficiarem de diversos privilégios. Entronizados em egoísmo, tinham perdido, na sua maior parte, o sentido do bem público e mostravam-se avaros do seu dinheiro quando os cofres do estado ficavam vazios. Preferiam então sobrecarregar o povo com novos impostos em vez de contribuírem para as despezas com os seus dinares. Julgavam-se acima das leis. Desta vez tinham sido encurralados. Não podiam comprar substitutos para os seus filhos, como alguns haviam feito em tempos, quando de sacrifícios humanos a Baal-Moloch em determinadas circunstâncias dramáticas. Tinham de entregar o sangue do seu sangue e a carne da sua carne sem saberem se algum dia tornariam a ver a sua progenitura.(...)"
Patrick Girard, Memórias de Asdrúbal, pag. 134, Lyon Edições.